Sim, sei bem
Sim, sei bem
Que nunca serei alguém.
Sei de sobra
Que nunca terei uma obra.
Sei, enfim,
Que nunca saberei de mim.
Sim, mas agora,
Enquanto dura esta hora,
Este luar, estes ramos,
Esta paz em que estamos,
Deixem-me me crer
O que nunca poderei ser.
Fernando Pessoa/Ricardo Reis, Odes de Ricardo Reis
Fernando Pessoa, genial poeta português, dispensa apresentações! Escolhi este poema pela simplicidade e pelo "engano" que encerra... ou não fosse Pessoa o "poeta do fingimento". Se ainda estivesse entre nós, faria anos hoje, dia de Santo António, e por essa razão se chamou Fernando António.
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Coincidentemente, hoje seria também o aniversário de uma grande senhora, uma pintora excepcional e uma mulher fantástica... Maria Helena Vieira da Silva!-

«(...)A meus olhos, a porta é um elemento muito importante. Há muito tempo que tenho o sentimento de estar diante de uma porta fechada, com coisas essenciais que não posso nem conhecer nem ver a passarem-se de outro lado. E é a morte que me vai abrir a porta. Quantas coisas, e não sabemos explicá-las! E eu que gostava tanto de saber (...) para satisfazer a minha curiosidade. Sim, queria entender e tenho a impressão de que a explicação virá com a morte, ela me dará a chave. Enquanto for viva, não saberei!(...)»
Vieira da Silva
Foi uma das mais importantes pintoras da segunda metade do século XX, não só em Portugal, pois Vieira da Silva, assim era conhecida, marcou indelevelmente a pintura europeia. Podes saber mais sobre esta pintora e sobre a sua obra aqui.
Em jeito de homenagem, aqui fica uma das suas telas, precisamente "A Biblioteca" (1949):
