Vencedores - Concurso literário

Como já tinhamos prometido, aqui ficam os textos vencedores do concurso literário Ao Deslizar da Pena VI:

5ºano: Matilde Lagarto, A

E agora…?

«Não havia volta a dar - estavam dentro de uma enorme gruta, apenas com uma lanterna nas mãos e um cantil com água, isto sem contar com o farnel do João, que nunca andava por aí desprevenido.
A Mariana foi a primeira a levantar-se e sacudir o pó que lhe ficara agarrado à roupa por causa da queda. A Joana imitou--a, queixando-se do rasgão que tinha nas calças de ganga. O único que parecia sem capacidade de reagir era o Pedro. Segurava a lanterna com a mão a tremer e olhava em frente. Assim que os amigos se viraram e puderam observar o mesmo que ele, perceberam a razão de o Pedro estar a tremer de medo.» Estavam em frente a muitos géisers que tinham temperaturas acima dos mil graus centígrados. Quando a Mariana se aproximou, um enorme géiser rebentou à sua frente. O Pedro exclamou:
- Como é que há tantos géisers numa gruta?
Andaram mais um bocado e, de repente, viram uma folha velha e brilhante. O João agarrou-a e exclamou euforicamente:
- Isto é um mapa do tesouro! Vamos, vamos!!!
Então a Joana suspirou:
- Lá vamos nós outra vez…
O mapa dizia que para encontrar o tesouro tinham que encontrar o túmulo de um faraó egípcio.
Andaram, andaram, mas não encontraram nada. A Mariana encostou-se a uma parede, e de repente, desapareceu…
Quando o João notou que a Mariana tinha desaparecido, começou a apalpar as paredes da gruta.
A Joana encontrou a parede que abria e fechava, mas já era tarde de mais…um exército de múmias, todas em decomposição, levavam a Mariana!!
O Pedro exclamou:
- Nem tudo está perdido! Se seguirmos as múmias, encontramos a Mariana e possivelmente o tesouro.
Então, os três amigos seguiram sorrateiramente as múmias, mas uma múmia-guarda encontrou-os.
Felizmente, o João conseguiu espantar a múmia-guarda com os seus truques e conseguiram recuperar a Mariana. Ela exclamou:
- Se não fossem vocês, aquelas múmias já me estariam a sacrificar!
Andaram mais um pouco e descobriram uma queda de água que os levava para uma Cidade Perdida. Mas havia um problema: como é que eles podiam ir ver aquela Cidade Perdida, se não tinham barco nem asas?!
O João teve uma ideia:
- Vamos saltar!
- O quê? - exclamou a Joana.
Depois de terem saltado, aquela Cidade Perdida já não estava onde estava, tinha desaparecido!!!
Afinal era a saída da gruta.
- Que aventura! – exclamou o Pedro.



6ºano: João Oliveira, 6ºB

E agora…?

«Não havia volta a dar – estavam dentro de uma enorme gruta, apenas com uma lanterna nas mãos e um cantil com água, isto sem contar com o farnel do João, que nunca andava por aí desprevenido.

A Mariana foi a primeira a levantar-se e sacudir o pó que lhe ficara agarrado à roupa por causa da queda. A Joana imitou-a, queixando-se do rasgão que tinha nas calças de ganga. O único que parecia sem capacidade de reagir era o Pedro. Segurava a lanterna com a mão a tremer e olhava em frente, Assim que os amigos se viraram e puderam observar o mesmo que ele, perceberam a razão…»
Logo que se viraram, viram uns símbolos gravados nas rochas da gruta. O João, que era o mais esperto e aventureiro, identificou que estas gravuras eram dos antigos Índios. Como estavam no meio da reserva natural de Utah, não era difícil encontrar estes símbolos, mas difícil era encontrá-los dentro de uma gruta. Pedro não dizia nada, parecia não ouvir, mas os outros estavam tão entusiasmados que resolveram ir à aventura.
Os três amigos começaram a sua exploração num buraco estreito ao pé das gravuras. Pedro disse:
- Desculpem, amigos, mas não sou capaz! Vou ficar aqui e procurar ajuda.
Assim foi. Os três amigos deixaram-se escorregar pelo buraco abaixo e, para seu espanto, caíram mesmo ao pé de um touro. Um touro de ouro, mas do tamanho da Torre Eiffel.
Depois, João, entusiasmado com aquela descoberta, perguntou:
- Não se lembram, amigos, a primeira gravura representava um touro!
- Pois é! – concordou a Joana.
- Mas, esperem, se não estou enganada, a segunda gravura era um olho! – disse logo a Mariana.
- Como vamos chegar ao olho?! – gritou Joana apavorada.
- Eu sou mesmo esperto! – declarou o João, com um ar de convencido.
- Ai!, se não fosse a minha corda ao estilo de James Bond! – continuou ele.
Os amigos, aliviados, subiram até ao olho do touro. Ao entrarem pela porta (que era a pupila), ainda ficaram mais assustados e maravilhados, porque dentro da cabeça do touro, havia muitas e muitas pedras. Mas como, como iam sair dali?
O João, com a sua serenidade habitual, disse:
- Não vêem que a terceira gravura representava umas pedras e a quarta era uma cobra.
Realmente, o João era mesmo esperto, pois devia haver uma pedra que tinha uma cobra gravada.
Os amigos procuraram-na e encontraram-na. Deslocaram-na e depararam-se com um túnel tão pequeno que só se podia passar deitado. Os três amigos fizeram isso e quando acabou o túnel, eles viram-se à frente de um baú iluminado pelo sol.
- Vamos abrir? – exclamou o João.
Assim fizeram, mas sofreram a maior das desilusões porque dentro do baú não havia nada.
Entretanto, o Pedro chegou ao lugar acompanhado por algumas pessoas de um acampamento ali perto. Ele contou-lhes que tinha gritado tanto que aquelas pessoas o ouviram e encontraram-no através do localizador de telemóveis de um senhor do acampamento.
Os três amigos subiram através do buraco por onde passava o sol. Já no acampamento, perceberam finalmente que o verdadeiro tesouro era a amizade e a união que havia entre eles.



7ºano: Joaquim Verdasca, 7ºA

O dia “marado” de Sean

“Acordou com uma estranha sensação de medo sem imaginar por que razão. Alguma coisa de mau iria acontecer. Procurou animar-se: viesse o que viesse, acabaria em bem.”

Sean levantou-se, foi tomar um banho e, de seguida, vestiu-se, sempre com aquela estranha sensação de medo na cabeça. Pegou na pasta e deixou o seu apartamento em New York. Apanhou um táxi para o Empire State Building onde trabalhava.
Quando chegou, entrou pela grande porta giratória acompanhado da sua pasta. Ia, como sempre, engravatado. Apanhou o grande elevador que o levava ao andar do seu escritório. Sentou-se na sua cadeira e pôs-se a trabalhar.
Sean era um homem bondoso, bem-educado, mas sempre bastante rígido.
Sempre com aquela postura, virou a cadeira para a grande janela envidraçada que estava por detrás dele, e olhou lá para fora. Viu todas aquelas pessoas na rua, os carros, os grandes arranha-céus que existem em New York. Dali de cima, via tudo, via toda a grande cidade. Era uma paisagem maravilhosa…
Ao fim do dia, desligou o seu PC e deixou o seu escritório. Reparou que um dos PC’s da empresa estava ligado com o “screensaver” ligado. Abanou o rato e viu uma mensagem “A copiar ficheiros”. Foi então que reparou numa Pen Drive no computador e pensou:
-Deve estar cá alguém.
“Desandou” como se não tivesse visto nada.
Quando ia a descer no elevador, ouviu uma voz nos altifalantes que dizia:
- Sean Eazy, abandona o edifício!
Era uma voz de quem não queria muitos amigos. Ele, armado em super-herói, escondeu-se dentro duma sala no terceiro piso do edifício, onde viu dois guardas, mortos no chão, debaixo da mesa daquela sala.
De repente, ouviu-se uma voz com um sotaque estranho:
- Despacha-te a trazer a massa.
Ele abriu uma fresta da porta e viu dois homens com máscaras a carregar um saco preto. Nesse momento, ele “sacou” do telemóvel e chamou a polícia.
Os homens iam passando com sacos sempre cheios. O que estava lá dentro ele não sabia, mas supunha que fosse dinheiro.
À terceira ou quarta vez que os estranhos homens passaram com os sacos pretos, começaram a ouvir-se as sirenes da polícia e um dos assaltantes gritou:
- Os “chuis” chegaram! Vamos dar o fora!
O outro disse:
- Quem é aquele que “tá” ali a espreitar?!
Os dois foram lá, viram Sean e disseram:
-Ó puto, o que é que “tás” aí a fazer?!
Enquanto tudo isto acontecia, a polícia preparava-se para entrar. Sean foi empatando com esperança que a polícia se despachasse. Subitamente, cinco “SWATs” entraram pela porta com grandes armas e um escudo (“Riot Shield”), gritando:
-Tudo para o chão!
Mas os dois homens não arredaram pé. Apontaram a arma à cabeça de Sean e disseram:
-Mais um passo e rebento-lhe os miolos!!
Contudo os “Snipers” estavam prontos para atirar e tinham a mira na cabeça do homem que estava com a arma. O Capitão disse no rádio:
-Permissão para atirar garantida, “over”.
O “Sniper” apertou o gatilho. A bala partiu o vidro do prédio e acertou na cabeça do homem que tinha a arma. Depois, o outro foi abatido pelos “SWATs” que estavam parados dentro do edifício.
De seguida, os polícias foram ver se estava tudo bem com Sean e verificar se ele queria ir para o hospital.
Ele disse que não e voltou para casa, como se nada tivesse acontecido…



8º ano: José Rodrigues, 8ºC

O sonho

“Acordou com uma estranha sensação de medo sem imaginar por que razão. Alguma coisa de mau iria acontecer. Procurou animar-se: viesse o que viesse, acabaria em bem.”

Provavelmente estes sombrios sentimentos não passavam de ideias desenquadradas e sem sentido, possivelmente relacionadas com um estado de espírito menos positivo do sujeito, David Silva, que porventura estaria ligado à primeira imagem que vira, naquele tão enigmático dia. Falo do ambiente acinzentado que se escondia atrás das paredes azuis do quarto de David.

Muito raramente nas terras de Monte-Alto, se avistavam daqueles dias, escuros e chuvosos, onde praticamente o único som audível era o ligeiro e puro bater dos pingos de água, caídos das nuvens negras, que consecutivamente tocavam as mais diversas superfícies.
Apesar de todas estas alterações climáticas e especialmente psicológicas que, (pelo menos neste jovem) tanto se sentiam, aquele era em variados aspectos, um dia como tantos outros. Era uma quarta-feira e como habitual, era dia de aulas e David preparava-se para o que se esperava, uma mão cheia de horas recheadas de aprendizagem de novos conceitos, das mais diversas disciplinas.
Mas a vida de cada ser humano não está escrita ou prevista, pois cada alteração comportamental, certamente alterará dezenas de factores que anteriormente ditavam como se iria processar o dia. Naquela quarta-feira, dia 20 de Maio, por alguma desconhecida razão, David alterou o percurso que habitualmente fazia para a escola, tendo ido por o que considerara um ‘atalho’. No momento em que modificou essa rota, por certo nunca imaginara que tanto iria acontecer graças a tal inocente feito. Naquele custoso caminho de pedra dura, encontrava-se uma mala preta que, curioso, abriu. No interior da mesma, para sua grande surpresa, encontrou papel em grande quantidade, mas aquele não era um papel qualquer, tratava-se de notas, notas e notas, que tanto eram de quinhentos, duzentos como cem euros.
O que será que fez David com todo aquele dinheiro? Afinal de contas, aquele era apenas um jovem com poucos conhecimentos da vida, que um dia sonhara ter tudo.


9ºano: Liliana Santos, 9ºA

Morte: Alma sem corpo

Depois daquele susto, sentiu um aperto no coração, como se alguém fizesse força, tentou inspirar e expirar calmamente. Olhou para o relógio digital na mesa-de-cabeceira, eram 3h05mn. Veio-lhe à cabeça o que acabara de sonhar, mas não fazia sentido nenhum. O frio que fazia naquele quarto não lhe fazia diferença, pois estava coberto de cobertores e com um edredão que chegava ao chão. A greta dos estores iluminava o quarto pequeno de Robert, a chuva caía lá fora, e o medo voltou, o seu cabelo loiro suado e os seus olhos castanhos esverdeados deixaram-se ocupar pela pupila, que se esforçava para ver no escuro algo que se encontrava ao fundo do quarto. Por momentos, pareceu-lhe alguém sentado no chão a chorar. Conseguia sentir aquela aflição, aquele medo. Sentiu pena. Mas pensou: Quem estaria ali? No meu quarto? A fazer o quê? A chorar? Porquê? Que faço agora? O que quer de mim? Deixou-se envolver pelo pânico, sem saber o que pensar e como agir. Vou fingir que estou a dormir… Fechou os olhos. Não está aqui ninguém…É só imaginação… Fazendo um esforço tremendo para não abrir os olhos, tentou não tremer, mas era impossível, apetecia-lhe gritar, fugir, mas tinha medo. Abriu os olhos, olhou para o fundo do quarto com alguma dificuldade, mas não viu ninguém. Aliviado, por estar sozinho no quarto, voltou a fechar os olhos, voltando a tentar dormir. Segundos depois, sentiu uma respiração ofegante, perto da sua bochecha. Conseguia sentir o expirar, aquele ar, já não ouvira chorar. Foi como se fosse um alívio estar ao lado dele e transmitiu-lhe calma. Mas calma foi o que Robert não sentiu. O corpo debaixo das mantas, estava completamente encharcado em suor, sentia a sua pulsação na garganta; sem aguentar mais, encheu-se de coragem, abriu os olhos, olhou para o lado e assustado com o que viu, gritou.
- Robert! – O pai de Robert entrara de pijama, assustado. – Filho! Então?
Robert estava branco, mais do que já estava. O pai chegou ao pé dele abraçando-o, dizendo-lhe para ter calma. Robert estava com quarenta graus de febre.
- Robert, estás a arder em febre! – pondo a mão na testa do filho.
- Eu vi – disse ele.
- Viste o quê? Estavas a alucinar!
- Eu vi, pai. Eu vi – abraçando-o.
- Mas o quê, filho? – insistiu.
- A mãe.
Recuando cinco anos, voltou a ver Robert que brincava num parque de crianças, em plena tarde de Verão.
- Robert! Queres um gelado? – perguntou, olhando para o filho a andar de baloiço.
- Sim, mamã! – respondera.
Mary atravessou a estrada até à gelataria. Um carro azul despertou a sua atenção. Abriram a porta do carro e levaram-na.
Robert, sozinho no parque, assistiu a tudo e chorou desesperado. Três dias depois. Sem novidades. Um acidente mortal acontecera, um carro azul caiu numa ravina. Robert conhecia-o. Era o carro de quem raptara a mãe. Nenhum sobrevivente.
Eram 5h30m, Robert adormecera e seu pai estava sentado na cama olhando para a janela, vendo a chuva cair. Tenho de levá-lo ao médico amanhã, pensou.
O Doutor dissera-lhe que era uma gripe, e que precisava de mais cuidados na alimentação. Em casa, Robert fechou-se no quarto pensando no que tinha acontecido a noite passada. Não vira a mãe há muito tempo, desde aquele dia, no parque. Estava em choque. Deitado na cama, olhando para o candeeiro do tecto sentiu o telemóvel vibrar. Era um número desconhecido.
- Sim?
- Robert, meu filho. É a mãe. Sinto muito o que aconteceu, não estava previsto, mas… quero que saibas que te amo, e nada irá mudar isso. Queria que viesses ter comigo, ao parque…
Robert acordou sobressaltado com o toque do pai.
- Pai, posso sair?
- Vais aonde Robert?
- Já volto.
Robert saiu de casa indo até ao parque. Sabia que tinha sido um sonho, mas decidiu sentar-se no baloiço. Sentindo a brisa e o borralho da chuva, pensou na mãe. Fechou os olhos e imaginou-a. O seu cabelo castanho com madeixas vermelhas, e o sorriso suave e feliz, os seus olhos brilhavam à luz do sol e a sua voz suave coincidia com o canto dos pássaros. Robert sentiu paz dentro de si. Já que não posso abraçá-la cá, abraço-a no mundo dos sonhos. E desejou todos os dias sonhar com a mãe e tê-la ao seu lado, protegendo-o.


Parabéns aos vencedores!